segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NEOFEUDALISMO

Depois de roerem a roupa do Imperador de Roma, os “Bárbaros” dividiram a Europa em mil pedaçinhos e inauguraram a Idade Média. Saquearam a cidade, roubaram, colocaram fogo. Um terror. Tudo isso no século quinto. Ruralizada, a Europa inteira começou a viver exclusivamente de uma cultura tão antiga quanto a roda: o ruralismo. Extinguiu-se a moeda e a vida precária urbana. Para muitos, continuava sendo precária, porém, no campo. Aquele que tinha posse da terra garantia a sobrevivência da família em castelos murados até a próxima invasão. Ricos, os senhores feudais assistiam em seus tronos os camponeses trabalharem horas a fio e viam toda a produção entrar castelo adentro. O que eventualmente sobrava, ficava com os trabalhadores.

Durante cerca de 500 anos a rotina da Europa tornou-se a mesma, até que as feiras clandestinas dentro do feudo quebrassem, com o passar do tempo, com a hegemonia dos nobres. Totalmente devota de Cristo, o velho continente seguia rigorosamente o que Jesus dissera e que era retransmitido pelo Papa, em Roma. Vivendo da economia feudal e movida pela fé, os poucos nobres controlavam tudo e todos, em um quadro que começou a ser revertido por volta do século X. As feiras clandestinas começaram a escrever por linhas tortas a história monótona da Idade Média. Por outro lado, os árabes expandiam seu inteligentíssimo império e fizeram que os Europeus saíssem de seus tronos para recuperar a Jerusalém, que outrora fora de “domínio” cristão. Só um minutinho... o quadro começou a ser revertido?

Depois de cerca de 1500 anos após o inicio da era medieval, os senhores feudais vestem gravata e estão fechados em seus escritórios, vendo os servos trabalharem pelo seu monitor de LED, sabendo que o dinheiro não pára de entrar no caixa da empresa e dane-se o mundo. Fumando seus charutos cubanos, os magnatas organizacionais comandam (e muito bem) seus exércitos de robôs de carne e osso. Felizmente, as feiras estão voltando à tona e não são clandestinas. Mesmo assim, as semelhanças com o período medieval ainda são claras. Se antes a Igreja Católica dominava a plena maioria do pensamento do rústico cidadão camponês, hoje as moderníssimas igrejas quadrangulares ou qualquer outra forma geográfica, modificam a cabeça de boa parte do povo que não acreditam mais em seus senhores feudais, tais como governantes, juízes, empresários, etc, e passam a acreditar em falsos profetas e pastores que manipulam facilmente as pessoas com a vontade de deus.

Enquanto reinava tranquilamente em seu castelo, o nobre controlava até onde podia controlar. O que escapava de suas mãos estava sujeito à invasão de outro nobre. Não muito diferente quem está no poder hoje, tem o controle do sistema até o ponto em que outro “poderoso” lhe tome seu lugar. A diferença positiva pode estar no fato de que os camponeses/trabalhadores são vistos. E é o suficiente para que possamos chamar os dias atuais de “Contemporâneos”. E dizem que a Idade Média acabou. Parece que os Turco-otomanos invadiram Constantinopla em 1453 à toa.