terça-feira, 21 de dezembro de 2010

VIDA

Era uma combinação especialmente improvável, difícil de que se acontecesse. A probabilidade de que a união química entre as moléculas complexas que deram origem à vida era tão pequena, que é inimaginável para a mente humana, até mesmo com calculadoras de ultimo nível de tecnologia. Se já era quase impossível em condições normais, pior ainda no lugar e o no momento em que o principal fato da história do universo (depois do seu próprio nascimento) aconteceu. A Terra não era o lugar mais propício para o surgimento da vida, logo no inicio de sua formação. Inóspito e inadequado, o planeta sofria de reações furiosas das atividades sísmicas e chuvas nem tão amigáveis como as de hoje.

Mas aconteceu. E o que surgiu nem foi tão simples. Claro que, comparado com o que vemos hoje, até nós mesmos, a vida naquele período era simples, mas enganam-se quem acha que era simples “ser” vida no início. Não me atrevo a tentar explicar qualquer combinação química que veio a formar o primeiro ser. Só me pergunto, por que diachos, em um cenário tão improvável de evolução, houve evolução? Como? Não abaladas pela péssima experiência que devem ter vivido, as tais bactérias que sobreviveram no caos da infância terrestre seguiram se adaptando às diversas mudanças que o futuro lhes oferecia. E falo de milhões de anos. Até que, de simples bactérias, tornassem seres capazes de rastejar, ou sei lá o que, a luta por sair do oceano, ainda quente, era fundamental para dar continuidade nessa bonita história de sobrevivência.

Por um paradoxo, a vida que sempre evolui, e se renova, tem em cada indivíduo, um “ciclo” que tem fim. Digamos que seja a parábola da vida. Sim! Cada ser cresce, chega ao topo, decai e morre. Estaria na matemática quadrática a explicação de um paradoxo que eu mesmo criei? Ou uma simples metáfora para explicar às crianças o processo de nascer e morrer? Me perdi. E é deste modo, com tantas dúvidas, que passamos milhares de anos tentando descobrir o que raios aconteceu realmente. Podemos estar perto da resposta, mas saber por que aqueles primeiros seres resolveram evoluir... Creio que continuará sendo um mistério.

Somos resultado de combinações que deixam as cabeças dos cientistas ardendo. E estas improbabilidades continuam a acontecer. Na união dos gametas das diversas espécies, onde células passam por barreiras que dificultam a fecundação, até a difícil sobrevivência dos recém-nascidos no meio selvagem. E a vida superou tudo isto. Mesmo que o resultado final deste processo seja a morte, há uma continuidade seja de qualquer forma no ciclo vital. Não morreremos todos ao mesmo tempo. E você chateia-se por não ter acertado na loteria?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NEOFEUDALISMO

Depois de roerem a roupa do Imperador de Roma, os “Bárbaros” dividiram a Europa em mil pedaçinhos e inauguraram a Idade Média. Saquearam a cidade, roubaram, colocaram fogo. Um terror. Tudo isso no século quinto. Ruralizada, a Europa inteira começou a viver exclusivamente de uma cultura tão antiga quanto a roda: o ruralismo. Extinguiu-se a moeda e a vida precária urbana. Para muitos, continuava sendo precária, porém, no campo. Aquele que tinha posse da terra garantia a sobrevivência da família em castelos murados até a próxima invasão. Ricos, os senhores feudais assistiam em seus tronos os camponeses trabalharem horas a fio e viam toda a produção entrar castelo adentro. O que eventualmente sobrava, ficava com os trabalhadores.

Durante cerca de 500 anos a rotina da Europa tornou-se a mesma, até que as feiras clandestinas dentro do feudo quebrassem, com o passar do tempo, com a hegemonia dos nobres. Totalmente devota de Cristo, o velho continente seguia rigorosamente o que Jesus dissera e que era retransmitido pelo Papa, em Roma. Vivendo da economia feudal e movida pela fé, os poucos nobres controlavam tudo e todos, em um quadro que começou a ser revertido por volta do século X. As feiras clandestinas começaram a escrever por linhas tortas a história monótona da Idade Média. Por outro lado, os árabes expandiam seu inteligentíssimo império e fizeram que os Europeus saíssem de seus tronos para recuperar a Jerusalém, que outrora fora de “domínio” cristão. Só um minutinho... o quadro começou a ser revertido?

Depois de cerca de 1500 anos após o inicio da era medieval, os senhores feudais vestem gravata e estão fechados em seus escritórios, vendo os servos trabalharem pelo seu monitor de LED, sabendo que o dinheiro não pára de entrar no caixa da empresa e dane-se o mundo. Fumando seus charutos cubanos, os magnatas organizacionais comandam (e muito bem) seus exércitos de robôs de carne e osso. Felizmente, as feiras estão voltando à tona e não são clandestinas. Mesmo assim, as semelhanças com o período medieval ainda são claras. Se antes a Igreja Católica dominava a plena maioria do pensamento do rústico cidadão camponês, hoje as moderníssimas igrejas quadrangulares ou qualquer outra forma geográfica, modificam a cabeça de boa parte do povo que não acreditam mais em seus senhores feudais, tais como governantes, juízes, empresários, etc, e passam a acreditar em falsos profetas e pastores que manipulam facilmente as pessoas com a vontade de deus.

Enquanto reinava tranquilamente em seu castelo, o nobre controlava até onde podia controlar. O que escapava de suas mãos estava sujeito à invasão de outro nobre. Não muito diferente quem está no poder hoje, tem o controle do sistema até o ponto em que outro “poderoso” lhe tome seu lugar. A diferença positiva pode estar no fato de que os camponeses/trabalhadores são vistos. E é o suficiente para que possamos chamar os dias atuais de “Contemporâneos”. E dizem que a Idade Média acabou. Parece que os Turco-otomanos invadiram Constantinopla em 1453 à toa.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

OVERTAKING

Após a volta de apresentação, o carro está na pole. Trinta segundos e as luzes apagadas. O coração bate mais forte, o suor mal espera por descer na pele e o instinto é total. Nada é racional agora. As luzes vermelhas se acendem aos poucos, os motores roncam. Enfim, as luzes se apagam e trancamos a respiração. O instinto age. O pé no acelerador, mas com cuidado, todos querem a primeira posição, a curva é logo ali. Mais atrás, a briga é com a faca nos dentes, a cada metro, um pneu de vantagem é lucro. O óleo e a sujeira ficam para os de trás. Começou mais um Grande Prêmio. Começou a Fórmula Um!

E quando os carros se encontram na pista, os mecânicos enloquecem no pitlane. Se a batida é forte, o safty car entra na pista. Todos alinhados. O “balé” da Fórmula Um aquece os pneus enquanto o asfalto é limpo. Os comissários correm contra o tempo, e na relargada, o líder comanda as ações. Da primeira para a sétima marcha em poucos segundos. Durante a reta, quem está atrás fica com o arrasto aerodinâmico, na chuva, enxerga-se apenas nada. O vôo do carro na zebra é fundamental para uma volta rápida. Enquanto o piloto fecha a volta, vê a última curva e a adrenalina cresce. O pé fundo no acelerador, é a raiva posta para fora e a mão direita aumentando a marcha, deixa o carro livre para alcançar mais de 300km/h. A freada brusca no fim da reta traz toda a força da gravidade contra o pescoço resistente, mas os homens de ferro estão preparados pela verdadeira pancada da redução.

Para os boxes, vai o aviso: “estou sem aderência, é hora de trocar os pneus”. A equipe é como uma máquina. Todos estão postos para que se troquem os pneus em 5 segundos! Carro no chão. De volta para a pista. É o pior momento para qualquer piloto. Sentem-se obrigados a baixar a adrenalina e deixar a razão voltar. O limitador não deixa com que uma punição venha. 100 km/h e nada mais. No retorno, o desafio de aquecer os pneus. Todo o trabalho é refeito. E no calor da disputa, fica difícil segurar a posição. Se ultrapassado, o piloto bom dá um “X” no adversário e recupera a posição.

Em Spa, após a forte freada da reta dos boxes, enche-se o motor de potência, na Eau Rouge, a curva onde dá-se impressão de sair da pista. Em Monte Carlo, é quase inevitável uma batida na Sainte Devote. Depois de duas curvas em primeira marcha, o Túnel é o ponto máximo de aceleração no Principado. Na escuridão do Túnel, acidentes incríveis já aconteceram. A Curva Oito, na Turquia, é desafiadora. São 3 partes de puro desafio. Os médios não vencem a curva. A área de escape é opção. A parabólica é a curva que trás para a vitória em Monza. Uma curva cega, onde quem tiver um bom acerto e colado no carro da frente, sai em vantagem e consegue a ultrapassagem. Em Singapura, a noite é uma criança. A inovação trouxe as máquinas para o oriente, deixando perto do Japão. Na tradicionalíssima corrida de Suzuka, muitos campeões nasceram ali. Por fim, no Brasil, o conjunto de 3 curvas homenageiam o maior de todos. Ayrton Senna da Silva.

Quando o líder abre a última volta, a equipe vai ao muro. O muro que separa os boxes e a pista se enche de gente que reconhece o próprio trabalho, sabendo que o piloto vencedor não conseguiria sozinho. No carro, a última gota de suor e ao mesmo momento, a razão sai. E a torcida se levanta a medida que ouve mais alto o ronco do motor que trará a glória ao líder. Após a freada, todo o cuidado é pouco para não perder o controle do carro e retomar a aceleração na saída da última curva. A bandeira quadriculada é agitada pelo diretor de prova, e lento na reta, o vencedor se aproxima de sua equipe e vibra dentro do espaço minúsculo do carro. Cruza-se a linha, tira-se a mão do volante e vibra. Abaixa o giro do motor e comemora. A glória do pódio é o auge. O hino, a champanhe, a festa, a Fórmula Um.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ENTRE CORDAS

Conectei o cabo da minha guitarra no amplificador e o liguei. Ouvi o barulho do cabo metálico conectando-se no instrumento e o eco que ele produziu. Soltei a sexta corda, e num baque inicial, deixei o Mi soar livre. A distorção do som martelava nas paredes revestidas de espuma, enquanto eu pegava meu afinador e apertava no pedal. Som limpo. Detectei a nota padrão e afinei milimetricamente minha guitarra. Apertei no pedal. Som sujo. Enquanto tocava os primeiros acordes, ia sentindo o timbre, o volume, o som acelerando o coração. E com as mãos aquecidas, fui descendo na escala, atingi a nota mais aguda, o ápice. E enquanto as notas soavam livres pelo ambiente, eu sentia a vontade de puxar a alavanca, e no momento certo, o harmônico será necessário.

Play. E a introdução da música começou a rolar, até que o guitarrista tocasse as primeiras notas da canção, e enfim, eu seguia seus passos, sem hesitar em errar. Não tão bom quanto o original, mas a sensação de fazer parte da banda de sucesso era extraordinária. E na complexidade do solo, que me perdi entre as casas e as cordas. A base soava com amortecedor das nervosas palhetadas do solista. E o refrão marcante grudava na cabeça, seguido de uma linha de baixo espetacular. A cada nota executada, o peso da guitarra fazia com que eu entrasse de corpo e alma nas entrelinhas da canção. A minha melodia parecia estar em uma fina sincronia com a música executada pelo artista.

Quando a música fica calma, o guitarrista entra em uma espécie de transe, onde ele também avalia o que fora feto. Quando não sei tocar como o artista faz, eu invento, tiro o máximo possível das minhas cordas, tanto as de aço da guitarra, quanto as de tecido humano das que vibram na garganta. O guitarrista sente de tal maneira a música, que executa ela até com a voz, mesmo não sabendo explanar a poesia. A vibração dos auto-falantes do amplificador, traz uma vontade interminável de continuar tocando guitarra. Enquanto continuo deslizando meus dedos pelo braço da guitarra, tenho cada vez mais vontade de sentir o peso da distorção no meu coração. A cada segundo, o volume tende-se a aumentar.

O orgulho do guitarrista está em ver a marca de seus dedos no instrumento, o calo na ponta dos mesmos e o desgaste da palheta deformada. É quando há de se trocar as cordas. Sabe-se que aquele solo foi bom, quando no final da canção, sente-se a alegria e satisfação, mesmo com a música ter terminado. Ninguém precisa dizer isso, é pura paixão do instrumentista pela música. Paixão esta, que faz refazer o acorde quando erra, que faz lutar bravamente contra a corda desafinada, e que não ouve a reclamação do vizinho. Tocar guitarra é uma arte, e mais do que isso, é apaixonar-se por um instrumento, que traz consigo emoções diversas em um único momento, onde a nota tem liberdade para voar livre pelo espaço. A cada nota que voa, o guitarrista encontra-se no meio de um ambiente maravilhoso e está sendo convidado para ter a experiência de voar eternamente.

sábado, 11 de setembro de 2010

BYTES

Erro fatal. Pelo desespero de obterem-se informações a todo o momento, comunicação efetiva e entretenimento 24 horas, é que cometemos um distúrbio previsível: sermos dependentes das máquinas que criamos. É andar em círculos: criar uma máquina, ficar dependente, e quando não funciona, criar outra. E Assim continua. E é neste ataque cibernético, que vemos a infância, que passamos na rua, ir embora. Será que a internet e o vídeo-game estão retardando nossas crianças? É claro que o uso de diversos bites que desgasta seus olhos para divulgação (de forma gratuita) minhas reuniões de palavras de modo ordenado, mas no dia em que meu HD deu tilt, tive que utilizar o lápis e o papel. Sim! Este texto tem rascunho!

Na virada do ano de 1999 para o ano 2000, falou-se do famoso “bug do milênio”. Além de um erro histórico/geográfico/de tempo (o terceiro milênio começou em 2001), uma piada sem graça. E a primeira grande evidência da nossa dependência da relação perigosa entre homem/máquina. Tratava-se de um “bug” nos computadores mundiais, onde voltaríamos ao ano de 1900, pelo motivo dos computadores não entenderem o registro dos zeros do ano que viria. É pura dependência. O “bug” ao menos poderia ter servido para aguçar a criatividade dos autores de Hollywood. Aí, vale de tudo na ficção científica, que cria aventuras incríveis e heróis imortais que acabam salvando a terra e a vida nela, depois de uma catástrofe cibernética, onde tempestades lunares afetaram os aparelhos eletrônicos e fazia com que o núcleo terrestre parasse por ser de metal. Uma loucura sem pé nem cabeça. Caos ordenado.

Perdi alguns arquivos importantes. Meu problema eletrônico foi oriundo de uma “arma” também eletrônica, o vírus, cuja solução também é eletrônica. Ou seja, minha vida pessoal não fora afetada. Por que somos dependentes das máquinas? Ou seriam os benefícios delas irreversíveis? Pode ser um paradoxo intrigante, mas a mesma tecnologia que tira empregos, também pode fazer com que muitas pessoas estejam trabalhando. Pode-se obter a informação de forma rápida e objetiva, como também, nos iludir com mentiras cabeludas muito bem contadas. Podemos chegar à Lua (aonde tempestades terríveis e catastróficas para a vida na Terra acontecem. Oh meu Deus! fujam para as colinas!) ou até mesmo inventar mil maneiras para se convencer uma nação inteira que se fora à lua, sem ter tirados os pés do chão. Ou então poderei ficar dias escrevendo estes contrapontos e não publicar este texto. É, eu tenho medo da imaginação humana.

Se a revolta dos bytes ou a catástrofe anunciada ainda não chegou, não há motivos, até então, que nos faça abandonar estas adoráveis máquinas que construímos, e em massa. Os bytes ainda não são células capazes de se reproduzir e criar órgãos vitais (já que energia e impulsos elétricos elas já tem) e criar braços e boca para estrangular o usuário e dizer “seu besta, usa isso direito”. Também não duvido que algum dia nos aproximar deste ponto. Seria inteligente então, inventar alguma forma destas possíveis células se transformarem em algum tipo de câncer. Se temíamos virar reféns do digital, agora é tarde de mais para lamentar. Eu já me rendi. Meu computador apontou uma arma para mim e pediu dinheiro pelo resgate. Pifou.

domingo, 5 de setembro de 2010

BOBAGEM ELEITORAL

De dois em dois anos o brasileiro se diverte. Arma-se o circo. Depois de quase três décadas de ditadura, o Brasil vê-se hoje, ainda em euforia por ter se libertado dos poderosos generais e ainda leva na brincadeira a democracia que lhe foi exposta triunfalmente em 1985. Parece que a festa da democracia não acabou, e vem tendo proporções ainda maiores a cada eleição que passa. É correto dizer que votar no território nacional é seguro e rápido, fazendo com que o povo não perca tempo em filas e enfrentando burocracias completamente desnecessárias. É louvável o reconhecimento que o Brasil tem, por ter a eleição mais moderna e de apuração mais eficaz do mundo. Porém, de nada adianta, se o povo, por um paradoxo intrigante, não tem escolha, na hora de ir às urnas ou não. É votar ou votar.

Não venho me referir aos políticos corruptos, já que estaria sugerindo um debate cansativo e inútil. O que proponho é a reflexão sobre as piadas que nós já estamos acostumados a assistir na televisão e também sobre a obrigatoriedade do voto. Parte dos brasileiros fica na espera dos programas dos vereadores e deputados para rir. Os candidatos escolhem nomes bizarros e fazem trocadilhos estranhos com os números, além de poesias fracas. Vale tudo para chamar a atenção do público, que, desavisado, acaba votando em “boas praças” já que seu jingle era legal e o número, além do nome engraçado, era fácil de decorar.

Não nos surpreendemos mais com as figuras macabras que aparecem por poucos segundos (mas de muito bom proveito) na televisão, mas já esperamos a cada pleito para saber quem será o palhaço da vez. É claro, que o palhaço sempre é o povo. Mesmo sem as surpresas com as novas palhaçadas no horário eleitoral gratuito, rimos com gosto de candidatos como: Lobisomem, Vampeta, Biro-Biro, João-sem-perna (aquele que não passa a perna no eleitor), Tiririca, Papai Noel, Silvio Santos, sem falar dos candidatos teatrais que varrem a corrupção, limpam o senado e salvam a política.

E é com as falhas da democracia, que o Governo Federal desconfigura a arma de reação popular que o voto representa. É tanta liberdade concedida ao cidadão, tanto eleitor, como candidato, que o pleito tornou-se a baderna que conhecemos hoje. Superficialmente, a permissão de analfabetos e adolescentes (muitas vezes sem juízo) de irem às urnas, é o que completa a brincadeira toda. A obrigatoriedade do voto é a cereja do bolo. Votei com 16 anos, sim, mas tive o trabalho de fazer meu título, com a vontade de votar e sabendo que se não fizesse certo, estaria entregando meu país ao purgatório, bem próximo do inferno.

Mesmo assim, vamos às urnas mais uma vez, e continuaremos indo por um bom tempo. Aturaremos nossos atores não globais nos programas, e teremos a tristeza de ter os jornais noturnos interrompidos e perderemos o tempo da preciosa novela das oito (que pena...). Seguiremos ouvindo promessas avassaladoras que mudarão de forma radical o nível de desenvolvimento do país, mas não se sabe se é para melhor ou para pior. Continuaremos a perder alguns preciosos minutos do nosso domingo nos dias de pleito. Enfim, continuaremos a agüentar jingles nada criativos e sujeira de candidato por todos os lados. E você, vai votar? Vai sim, é obrigatório!

domingo, 29 de agosto de 2010

PAY TO PRAY

Jesus pirou. Ele virou vítima da própria religião que fundou. Não por ela ter o atingido, mas por ela ter se tornado um show à parte. Parece que o fato de o Nazareno ter sido pobre, cativou os corações dos grandes religiosos ao longo do tempo. É preferível acreditar que os grandes templos, altares, monumentos, e até um estado reconhecido seriam atos de solidariedade exagerados em favor do criador? Ora, se ele era pobre e miserável, passava fome e, ainda assim, pregava a solidariedade, cabe então retribuir e construir uma “casa” digna ao Fundador. A propósito, a pobreza e a miséria estão erradicadas no planeta? Preste atenção a esta pergunta.

Roma ruiu e vivenciou-se o crescimento assustador do “império” cristão. A Idade Média tornou-se uma vitrine de mil anos de devoção a Deus e seu filho. Até aí, tudo bem, os templos foram construídos e são grandes, sim, para comportar os fiéis que vinham crescendo de número cada vez mais. Mas talvez, com a proximidade em datas com o surgimento da cristandade, a religião não era nem um pouco de ser banalizada pelo que vemos nos dias presentes. Havia a necessidade de chamar novos seguidores e espalhar as idéias de Cristo por toda a Europa e ainda conter o avanço muçulmano, surgindo então, as cruzadas. Talvez seja aí que possa se explicar os monumentos belíssimos que foram construídos nessa época, e mesmo assim, a simplicidade, acredito eu, é percebida.

A fé em Cristo manteve sua essência ao decorrer dos tempos. Mesmo com a vinda do Renascimento, Iluminismo e revoluções científicas, os fiéis mantinham seus costumes e continuaram pregando os ensinamentos de Jesus. Porém, há um fato que não pode passar despercebido, para o bem da reflexão: A luxúria dos monumentos. O Estado do Vaticano é rico. Não há dúvidas disso. Com toda a riqueza da Basílica de São Pedro, da vida luxuosa do Papa e dos cardeais e da nomeação de um Estado para confortar a fé, Jesus e seus santos (que não tem nada a ver com isso), é passível de se pensar se a maior religião do mundo não está escrevendo torto com linhas retas.

E então, surgiu a Igreja Universal. Se antes dela, estava começando a me acostumar com padres cantores e missas que mais pareciam campanhas eleitorais com discursos e canções sem fim, agora tenho certeza que para ser fiel não basta somente ajoelhar e rezar. Uma boa oratória, um discurso forte e convincente, uma coreografia inovadora, um salão grande e algumas cadeiras é o suficiente. Basta só registrar CNPJ, e criar uma marca. Nesta empresa de Deus, é fácil registrar lucro no final do exercício: Dízimo. Os cegos fiéis abarrotam as “igrejas” e também o caixa da “Organização de Jesus”. E o dinheiro é muito bem aplicado. Basta ver por aí, as belíssimas, grandiosas e luxuosas construções. E a pobreza? Foi erradicada no planeta?

É um mercado quase perfeito: a concorrência na televisão é grande, os clientes são potenciais compradores dos serviços, as publicidades são bem espalhadas pela cidade, o único porém, é saber se estas empresas pagam devidamente os impostos. Não quero me perguntar se as demais religiões estão banalizadas. Se tiverem, qual ser supremo irá nos salvar? A minha pergunta é: Aonde está Deus? Ele não pagou o dízimo ainda. Procurem-no!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A FESTA

Congele a imagem. Acenda as luzes. Retire todo o gelo seco. Desligue o som. Tire as bebidas dos copos. Agora sim, solte a imagem. Bizarro, não é? Todos se mexendo para um lado e para o outro, sem sentido nenhum. Alguns com um sorriso no rosto, outros com cara amarrada, outros nem aí, há os que estão perdidos no espaço e no tempo. Aquele lá do canto está bêbado, prestes a vomitar. Os apaixonados (ou não) se beijam, o DJ de fone, dança sempre sozinho, coitado. Congela a imagem. Apaga a luz. Enche os copos. Recoloca o som. É festa! Estando todos se divertindo ou não, presencia-se uma versão moderna de um dos eventos mais antigos da humanidade. É Festa!

No salão, na pista, na areia, no asfalto, no barro, seja lá onde for, a hora da festa é onde nós cantamos músicas que detestamos, bebemos mais sem saber, e sem querer alguns descobrem que sabem dançar. Lá pelas tantas, sempre tem um indivíduo que te abraça e quer cantar (gritar) as músicas contigo, mas vocês não se conhecem nem sequer tinham se visto. É o personagem mais clássico das festas: o bêbado divertido (para o bêbado é muito divertido). No meio da muvuca, um se destaca pelo estilo singular de dança. O que coloca as pernas pro ar, espantando as pessoas, e a ser registrado como “boneco de posto”. Ao menos, diverte os observadores “externos”, mas coloca sua reputação em risco no dia seguinte. A não ser que a dança esdrúxula seja uma aposta perdida.

Ah, as bebidas! Elas são responsáveis por fazer os tímidos dançarem e os espalhafatosos...bem, deixa quieto. A não ser que seja água ou suco de laranja, bebidas como cerveja, champanhe, caipirinha, drinques e outros, alimentam a alma da festa. É um fator quase que diretamente responsável pela animação do evento. Às vezes, a música nem é ouvida, ou simplesmente tornam-se ruído perto dos efeitos dos estimulantes líquidos.

Mas não somente de salões e casas noturnas definem por completo a palavra. Festejamos com bailes, com carreatas, com fogos de artifício, com banquetes, com as peculiares festas infantis, dos tios bêbados e das crianças que não gostaram de receber MEIAS daquela tia que só aparece duas vezes por ano e ainda aperta a bochecha da pobre criança que ganhou um infeliz par de MEIAS em vez de brinquedos. Festa é de casamento, é de campeão, é de aniversário, é de bodas. Festa tem salgadinho, docinhos, refrigerante (já dizia a Xuxa). Festa serve para rever aquela prima que veio do nordeste e aquele cunhado da mãe da sua ex. Festa é descobrir que seu sobrinho não está mais na quarta série e sim no quarto semestre da faculdade de Letras da Universidade Federal.

É ritmo! Ritmo de festa!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

POSSO BRINCAR LOUCAMENTE?

Posso correr por aí? Posso gritar de felicidade? Posso largar meu emprego? Posso votar em candidato inexistente? Posso viajar sem destino? Posso roubar beijo alheio? Posso ouvir minha música no máximo? Posso desistir no meio? Posso esquecer a fórmula? Posso errar a tabuada? Posso me esconder da polícia? Posso fugir da aposta? Posso rasgar o contrato? Posso me fingir de morto? Posso dormir na aula? Posso descobrir a América? Posso queimar dinheiro? Posso me atirar da janela? Posso me declarar loucamente? Posso dormir no escuro? Posso acordar depois do almoço? Posso dirigir sem carteira? Posso contar até mil? Posso colecionar histórias para contar? Posso projetar a torre de Babel? Posso ser feliz na minha vida? Posso te amar sem receio?

Quero passar frio no verão. Quero derreter no inverno. Quero bater meu carro. Quero escapar ileso. Quero furtar um coração. Quero enganar meu ego. Quero falsificar minha sorte. Quero adivinhar meu futuro. Quero mentir para a minha vida. Quero presentear meu azar. Quero sentir o desgosto. Quero me perder no labirinto. Quero tocar no teu rosto. Quero sentir teu cheiro. Quero pecar minha alma. Quero ouvir perdão. Quero desabafar com estranhos. Quero tremer as bases. Quero tirar a raiz. Quero multiplicar os quadrados. Quero reinventar os percursos. Quero modificar meus medos. Quero sentir meu perfume. Quero te contar meus segredos. Quero vender minhas riquezas. Quero ler a bíblia. Quero estudar o profundo. Quero pisar na brasa. Quero viver de emoções.

Pretendo seguir estudando. Pretendo começar uma carreira. Pretendo viajar contigo. Pretendo arrumar um emprego. Pretendo guardar dinheiro. Pretendo projetar o futuro. Pretendo ter meus filhos. Pretendo me casar contigo. Pretendo comprar uma casa. Pretendo fazer negócios. Pretendo dar educação às crianças. Pretendo solucionar problemas. Pretendo exportar e importar. Pretendo praticar um esporte. Pretendo rir e chorar. Pretendo ver meus filhos formados. Pretendo contar histórias de dormir. Pretendo cursar história. Pretendo ler muitos livros. Pretendo mudar o mundo. Pretendo amar para sempre. Pretendo ver meu pai.

Exposto em um mundo cruel, mas também em um mundo maravilhoso. Tenho possibilidades mil de ser o que eu quero, de manipular meu futuro ou de me atirar ao acaso. A vida não é curta. Ela é de um tempo suficiente, em que nela eu posso fazer e não fazer tanta coisa que nem imagino e nunca vou descobrir tudo que posso imaginar. Eu só não posso ficar sentado esperando. Infelizmente, eu sou um homem livre, e por isso não posso brincar loucamente.

domingo, 8 de agosto de 2010

ADMINISTRAÇÃO ATUALIZADA

Pergunto-me se estamos voltado à Administração colocada por Taylor, da máxima utilização do espaço e do tempo, da robotização do homem no chão de fábrica, assim por resumir. O objetivo foi sempre o mesmo, lucrar e depois maximizar o lucro. É claro que com a modernidade foi modelando este arcaico e rudimentar posto. Pensou-se primeiramente no tão discutido RH, modernizaram as idéias de organização, e cada vez mais a empresa foi se tornando próxima do público. Mesmo assim, vejo uma lacuna ainda grande que separa a Organização do seu meio social.

Fala-se bastante em cliente. O cliente é exageradamente visto como um Deus em muitas Sociedades de Capital. Não vejo isso como o correto. Sim , o cliente é o cidadão que traz divisas para as empresas, e que portanto as mantém, porém, esta relação cliente/empresa é totalmente retilínea, sem, até então aonde eu sei, demais benefícios às outras partes da sociedade. E há uma relação tão intensa entre estas duas partes, que os clientes não sabem mais o que querem, e as empresas já não sabem mais como agradá-los efetivamente. O simples ciclo da troca terminou, e hoje, já pode se dizer que muitas vezes não sabemos quem é quem.

Por mais que se tente deixar bem claro, as empresas “atuais” não me convencem que estão interagindo conosco e com a natureza. Desde a explosão da preocupação geral com o ambiente (aquele que se fundiu com o concreto), tornei-me um observador do papel, principalmente do segundo setor, quanto à remodelagem de políticas ambientais. Fez se questão de se dizer que o que saia das chaminés da indústria não era fumaça, e sim, vapor. Seria este o caminho encontrado por ecológicos e gestores para se chegar mais perto da sociedade? Primeiro chocá-la com as possíveis (e verdadeiras) catástrofes e suas conseqüências e depois assinar papéis recicláveis com grandes empresários, selando um termo de mobilização ambiental? Lembro-vos, que a mídia também é empresa. Exemplificando: Rede Globo, Bandeirantes possuem CNPJ.

É um desafio na verdade. Creio que está nas mãos dos Gestores aproximar suas empresas do contexto. Fazer com que as Organizações se aproximem mais daqueles que estão fora da linha cliente/empresa. Ser assim, um ingrediente de catálise que faça com que a sociedade seja mais sociedade. Claro que uma responsabilidade desta magnitude passa pelas mãos da população e do Governo também, mas é um tanto complexo obter resposta de partes tão distantes uma das outras, até mesmo conflito ideológico. Lucrar? Sim! Mas que o prejuízo não seja um bicho de sete cabeças que atormentam os contadores e executivos no final do semestre. Perder faz parte. Trabalhar, contratar, demitir, manter a rotina, se estressar, tudo é válido, mas também participar de uma forma mais lúcida neste planeta e refletir dentro do escritório: o que fazer para me aproximar da natureza e da comunidade. Só uma idéia, por enquanto...

domingo, 1 de agosto de 2010

OS SEIS SENTIDOS

Eu suava e minha respiração era dificultada devido à raiva que estava sentindo. Sentia-me cansado e decepcionado por não ter atingido um objetivo, ou por ter falhando na hora que eu não podia. Tinham-me feito de tolo e desejava os males àquelas pessoas que me fizeram chorar de angústia. Senti então, uma mão acolhedora em meu peito, que segurava meu coração que batia forte e me fazia voltar a mim aos poucos. Senti um calor vindo da palma daquela mão, e me acalmava aos poucos, já que sabia que a dona daquele calor me amava e queria meu bem. Virei-me para trás e vi seu sorriso acolhedor e com sua voz suave me disse: “te amo”. A alegria tomou conta de mim e a serenidade daquele momento me fez repensar nas atitudes que fizera e não poderia mais repetir. Tornei-me humano.

São fantásticos os sentimentos. Sinta-se à vontade a sentir absolutamente nada daqui a algum tempo, mas também te deixo livre a quem sabe jogar a culpa do teu sorriso ou da tua raiva no autor, ou seja, eu. Você, amigo (ou não) leitor, um dia foi trabalhar, pegou o teu carro e tinha uma maldita pedra no teu sapato, que já é apertado, e não conseguia apertar fundo o maldito pedal da embreagem, pois seu dedinho doía horrores com o pequeno pedaço de rocha vulcânica no teu sapato. Duas horas depois, olhava no relógio no canto direito do teu computador e, quanto mais o tempo passava, mais a fome apertava. Por indelicadeza da teoria da relatividade, a bendita da hora do almoço demorava mais para chegar.

Na sala de reunião, tu sentia tuas pernas bambas a medida que teu chefe ia soletrando a palavra “demitido”, mas depois um alívio fenomenal te encobre ao ouvir “promovido”: até rima. Na hora de chegar em casa, descobre que o STJD transferiu o jogo do teu time para semana que vem, e que agora terás que assistir a danada da novela das oito com a tua mulher. De contrapartida, teu filho tirou dez em geografia e tu não terás que estudar com ele em pleno fechamento do mês no final de dezembro! Tua sogra viajou para os Estados Unidos (bem longe) e teu velho tio descobriu que tu tens um carro novo. Acontece é que tu descobriste que tens um tio novo... estranho. Deitado na cama, ao som do gato da vizinha, uma reflexão: “hoje, eu senti dor, tensão, alívio, felicidade, desgosto, prazer”. Sentimentos são fantásticos.

É o que nos faz ser simplesmente, seres humanos. Se muitos outros não podem fazer coisas que nos parece simples, nós fazemos por ela. É o simples fato de viver em comunidade, que nos dá a condição de ser solidário com aos que nos dão como resposta um sorriso de agradecimento, que acaba nos fazendo chorar. Ao mesmo tempo, sentimos raiva ou fúria, para com aqueles que agem como antítese das nossas idéias e ações. Sentimos medo de muitas coisas, por mais que não queremos admitir nenhuma das tantas fobias de nome complicado que podemos sentir. A vida, a redenção, o erro, e a morte são fatos que inevitavelmente nos fazem “transpirar” sentimentos, e nos ajudam a ser seres humanos.

Quando nós choramos ao nascer, mal sabíamos do bocado de sentimentos que iríamos enfrentar durante toda nossa vida. Pergunto-me se sabíamos o que estávamos sentindo, mas confesso que não quero a resposta. Quero mesmo é saber, como foi que a maldita pedrinha foi parar no meu sapato e também saber por que motivos a vizinha não põe o bendito felino de miado onipresente, dentro de casa.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A BALADA DO VELHO MARINHEIRO

Rimas longas e épicas, histórias de luta, bravura, grandes narrações e contos que marcaram a história da literatura mundial. Não só de fatos vive o homem. A partir do momento em que nós sonhamos, criamos uma inteligência criativa, que em certas horas nos auxilia na produção artística (por mais primitiva que possa ser) e que nos faz ter um certo arsenal de imaginação pura. Quando se é criança, nossa imaginação é vasta, acontece que não sabemos escrever isto, mas podemos falar e desenhar.

Primeiramente, o que me vem à cabeça, são duendes, elfos, fantasmas, bruxas, mágica, mas é imaginação secular. Uma forma clássica de expressar a famosa “viagem na maionese”. Escritores mais famosos decidiram relatar com algum charme fatos históricos. Luis de Camões acredito que, tenha sido o principal deles, ao menos para nós, falantes da língua portuguesa. Shakespeare também concretizou-se na história com seus longos poemas e encantou o mundo pós medieval com a dramaturgia. Épico, da mesma forma.

A nossa imaginação é abstrata. Ou alguém consegue me explicar o que acontece no subconsciente humano? Contradição: temos uma inteligência criativa concreta. Para exemplificar e simplificar: a roda. E da nossa vontade de contar histórias, e do orgulho que sentimos por nossos feitos, e das imagens de ficção de algo que gostaríamos de ser ou ter, é que criamos o que hoje nos cerca.

Já citei a literatura, a dramaturgia. Pablo Picasso foi genial e simplista, ao pintar Guernica. Simplista por ter resumido uma guerra em uma pintura. Épico. Leonardo da Vinci reconstruiu a criação do homem de forma detalhada, perfeccionista, mas para muitos um momento de pura inspiração, para os que acreditam em Deus. Na música, Beethoven, compôs cerca de 90 minutos de uma sinfonia que desde o século XVIII é referência para os compositores e interpretes.

Mesmo dormindo, somos aventureiros. Por mais que não possamos fazer muitas coisas, ninguém tira de ninguém a possibilidade de se imaginar sendo um Super-Homem, salvando a cidade dos perigosos vilões ultra-malvados. Nos imaginamos indo para o sul ou para o norte, até que não haja mais como continuar rumo, e ainda assim há muitas coisas extraordinárias para se acontecer no caminho de volta. Quem sabe sair voando? Se existe uma viagem sem volta, que seja aquela que nos leve direto ao mundo da imaginação e dos sonhos.

Nota: “A Balada do Velho Marinheiro”, (The Rime of the Ancient Mariner, no original) é um poema escrito pelo poeta inglês Samuel Taylor Coleridge entre 1797–1799, publicado na primeira edição do seu Lyrical Ballads (1798). É considerado um dos poemas mais importantes de Coleridge, que marca o início da Literatura romântica na Inglaterra.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

GUERRA

Qual é o instinto humano? Observe um pássaro adulto alimentando um filhote. Observe um alce fugindo de uma onça. Qual é o objetivo dos dois? Sobrevivência, talvez. Pois se voltarmos na linha da nossa história, na época que surgira o laço familiar, ainda caçávamos, ou talvez principiantes da coleta, mas o fato é que havia poucos de nós. Poucos e com o mesmo objetivo: perpetuar-se. Ao longo do tempo fomos nos contradizendo a partir da ganância. A Primeira Guerra Mundial foi a explosão, o ápice da vontade de dominar. Mas o motivo disso? Porque não deixar o povo vizinho ter seus costumes e seu modo de vida? Diálogo? É uma solução duvidosa.

A história não nos mente. Vimos exércitos grandes sendo aniquilados por forças menores. Vimos o poder ruir com a força da paisagem natural e da própria brutalidade da natureza.Vimos uma Segunda Guerra Mundial por motivos bizarros, talvez a mais idiota das guerras. Mesmo assim, suas conseqüências nos fez rasgar uma página da nossa história. Nós não queremos mais sobreviver, acredito. Nós queremos discutir, ver quem tem o maior brinquedo de destruição em massa. É burrice, convenhamos: convocar milhares ou milhões de pessoas, treiná-las, armá-las, e depois vomitá-las em um campo de combate. Se não é burrice, é um jogo, se estamos jogando com a nossa sobrevivência, e as peças somo nós mesmos, é burrice. É burrice.

Existem heróis. Alexandre, o grande é um herói macedônico, que prosperou o império daquela região, adquiriu respeito ao seu povo. Uma figura histórica que está em todos os livros, temos a sua imagem. Mas ele fez guerra. Napoleão Bonaparte. Foi recebido em Paris com louvor, mandou construir o Arco do Triunfo e levou a França ao esplendor. Foi comemorado, mas fez guerra. Comemoramos derrotas. Australianos e neozelandeses foram enviados à Turquia para lutarem na Segunda Guerra, lutaram, tentaram e morreram. Hoje são lembrados em um feriado nos dois países, como aqueles que lutaram bravamente pelo seu país e que merecem o respeito de todos. Sim, merecem, mas também fizeram guerra. No sul do Brasil em meados do século XIX, elitistas contrários ao governo central, rebelaram-se a favor de suas idéias, mas perderam. Foram derrotados, e por mais que tenha sido com bravura e que tenham criado uma identidade, perderam. Comemora-se também, tem-se um feriado regional, mas ainda toco na mesma tecla: fizeram guerra.

Parece que a nossa história e feita de apenas uma nota musical, de um acorde triste que soa como despedida, mas há de se lembrar que existiram pessoas que não queriam a guerra. Ghandi tentou a liberdade sem armas, foi reprimido. Mandela queria o fim do preconceito, não chamou nenhum exército, mas foi preso. Sorte que estes nomes também entraram para sempre na nossa história e que seus feitos são passados de geração em geração. Sorte nossa também, que ainda há chances de ter pessoas no mundo, sem a maluca idéia de persistir nos erros dos presentes e dos antepassados.

Fizemos estratégias, infantaria, artilharia, cavalaria. Temos tanques, mísseis e uma vasta tecnologia. No passado, as falanges romanas. Os vietnamitas e os russos contaram com a natureza, os japoneses tiveram os camicases, os ingleses criaram a marinha mais forte da era moderna, os brasileiros tem seus praças, os colombianos são guerrilheiros. Na África, os conflitos tribais devastam o continente. Na Europa, somam-se os mortos de diversos séculos de conflitos. Qual a solução para tudo isto? Diálogo. Não, não falamos a mesma língua.

Observe um pássaro adulto alimentando os filhotes. Quando a comida acaba, a gritaria é enorme. Piados famintos chamam por comida. Observe um alce fugindo de uma onça. A onça captura sua presa pois é mais rápida. Ela devora a carcaça antes que cheguem outros animais e acabem com o banquete dela. Onde está a sobrevivência humana?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

PAI DE FAMÍLIA

Domingo de manhã, abrir a janela, dia ensolarado, acordar a esposa, acordar as crianças. Leite, pão, achocolatado, frutas, manteiga, água, comer, lavar a louça. Bicicleta, bola de futebol, comida do cachorro. Roupas leves, filtro solar, água mineral e disposição. Porta, rua, atravessar, encontrar o parque cheio,procurar por um espaço, achar uma sombra de árvore. Cuia, bomba, erva mate, tradição. Ah! Dia perfeito!

Pano quadriculado, escorar na árvore, brincar com as crianças, deixar as crianças brincarem. Soltar o cachorro, crianças brincando com o cachorro, conversar com a esposa, trocar olhares. Observar as crianças, não as perder de vista! Cair da bicicleta, se levantar, errar o gol, acertar a trave e comemorar com o imaginário. Escutar os pássaros, sentir o vento, contar uma piada e se despreocupar com a vida! Sentir a natureza, refletir sobre o futuro, sobre o passado, rir das bobagens passadas, relembrar.

Tio do algodão doce, troco em moedas, algodão azul para o menino, rosa para a menina, descansar do futebol, descansar da bicicleta, deitar no colo da mãe, deitar no colo do pai e olhar para o céu. Contar uma história, como eu sou antigo! Crianças famintas, olhar para o sol, no centro do céu, meio dia, almoçar. Lancheria da esquina, suco natural, sanduíche reforçado, um chocolatinho para nós e voltar ao parque. Hora de descanso, ali mesmo, dar uma dormida, acordar para observar se o cachorro está bem amarrado e se as crianças estão dormindo, voltar ao sono. Levantar-se, brincar mais uma vez com as crianças, ir além e voltar.Ver a cara de preocupada da esposa, explicar tudo...xiiii.

Deixar as crianças se divertirem sozinhas, namorar um pouco, trocar alguns beijos e sentir a chuva caindo. Chamar as crianças, guardar os pertences, amarrar o cachorro na coleira. Sair correndo, chuva apertando, esqueci a chave! Voltar para o parque, pegar a chave, voltar para casa, entrar em casa e botar as crianças no banho. Estender a roupa molhada, banho quente. Ligar a televisão, não, só tem noticia ruim, ler um livro, estou morrendo de fome, fazer a janta, preparar a mesa, assistir ao telejornal noturno.

Colocar as crianças na cama, despertador: 7:30! Ir para o quarto, deitar na cama, chamar a esposa, acolhe-la, beijo de boa noite, suspirar aliviado por mais um dia, ir dormir. Acordar disposto na segunda-feira, colocar a gravata, acordar crianças, ir trabalhar. Mais uma semana, esperando o próximo domingo com a família. Este é o meu sonho!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A “MAGIA” DO FUTEBOL

O futebol tem um só objetivo: o gol. É simples, a bola tem que passar totalmente a linha de fundo entre as traves, para isso, os jogadores podem usar qualquer parte do corpo. Sim, qualquer mesmo, já que Maradona fez gol de mão e também, se o goleiro quiser empurrar a bola com a mão, nada o proíbe. Sendo assim, tão simples, os onze jogadores de cada time são desnecessários. Nem mesmo a rede é necessária. Ela não é obrigatória, “só” está lá a fim de ajudar na hora de visualizar o gol.

Dois jogadores de cada lado do campo são mais que suficientes. Um goleiro e um jogador de linha. Tratando-se de linha, não vejo utilidade naquele grande círculo no meio do campo, nem na meia-lua, muito menos a linha da pequena área, mas é um tema à parte, já que elas existem, tem um sentido. Sobre os quatro jogadores em campo, a idéia é simples: o jogador de linha carrega a bola, tenta passar pelo jogador adversário e se passar, chuta a gol. Se o goleiro defender, passa pro jogador de linha e assim vai indo. O problema desse jogo é a emoção, ou melhor, a falta dela. Deve ser por esse motivo que existem onze jogadores de cada lado.

Com os onze jogadores, o futebol é dinâmico, tático, emocionante, guerreiro, a torcida lota o estádio, há provocações, etc. Mas qual é a verdadeira magia do futebol? Nenhuma. Não existe magia no futebol. Magia é ficção, inventário, abstrato. Se querem achar magia em um esporte procurem nas páginas de Harry Potter ou então em novelas, seriados, desenhos animados, mas no futebol não encontrarão. O futebol é concreto, ele existe, os jogadores até saem sangrando!

Posso afirmar que a vibração da torcida, as faixas, os papéis picados, as bandeiras, os xingamentos e todo o clima tenso de uma grande decisão não compõem a magia do futebol. Como disse, ela não existe. A “mágica” do futebol, pode estar no simples fato do criador ter dificultado um objetivo tão simples. O futebol é uma paixão porque envolve a difícil tarefa de onze atletas carregarem a bola um para o outro e passar pela incrível barreira de mais onze atletas! O futebol é uma paixão, pois envolve tática, pranchetas, esquemas, matemática, física e outras ciências. O futebol é filosofia, história, geografia, administração, contabilidade, medicina, o futebol é tudo que o homem construiu e não tem nada de abstrato. A magia do futebol é enganadora, é o princípio do inútil. Futebol é coisa nossa e um patrimônio da humanidade!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

PARADOXOS E COMPLEXOS

Creio que o ser humano possua uma natureza de “auto-flagelo” sendo ele paradoxal e complicado, complexo. Certas coisas que poderiam ser simples e não são. Certas antíteses que muitas vezes desmentem uma teoria que poderia ser magnífica, ou então o famoso “tiro no pé”. Por sua própria natureza, acontecem fatos que não fazem sentido e que atrapalha o seu (nosso) cotidiano, ou às vezes o próprio desenvolvimento. Observa-se fatos simples e vê-se estes fatores que se pararmos para pensar um pouco, podemos ver que pode ser uma situação totalmente evitável e por conseqüência, benéfica.

Eventos onde há um número significante de pessoas são um bom exemplo. Para ilustrar, imagine-se em uma formatura de uma turma grande. Pais, familiares, amigos, fotógrafos, professores, funcionários e penetras a somar com os formandos. Um auditório respeitável e espaço, bastante espaço. Saídas, muitas portas de saída. Tudo tranqüilo e chato (alguém já foi em uma formatura legal?) até o momento que o mestre de cerimônia deseja boa noite aos presentes. Concordo que todos têm extrema vontade de sair logo e eficientemente de uma formatura, mas é aí que entra o paradoxo e o complexo.

Fico me perguntado qual o motivo de 60% da platéia ficar na frente das/da porta? Todos andando a passos de pingüim (inclusive movimentando-se como tal), uns reclamando, pois a fila não anda e esse mesmo espertinho é que fica na frente da porta, somando-se aos demais. Percebam que a atitude simples de se afastar da saída, torna-se complexa.

A burocracia poderia ser um exemplo perfeito também, mas não é. Está na boca do povo e todos crescem com a idéia de que a burocracia atrasa, que complica, que dificulta e que a melhor coisa que se tem pra fazer é xingar o gerente do banco, só porque devemos assinar inúmeros documentos e garantir a cópia autenticada de determinados outros documentos. Acontece que é uma formalização necessária e que passar de um setor ao outro, muitas vezes é benéfico para o comprador de serviços. Porém há o exagero, e o sistema burocrático também falha.

O mau burocrata é o profissional, ou anti-profissional que é obcecado por padrões, filas, assinaturas, documentos e registros, tudo certinho e sem ele saber, exagerado. É a “arte” de complicar as operações que não necessitam de nenhum passo complexo. Precisa pedir uma assinatura a mais? Qual a necessidade do cliente de ser transferido para mais dois setores?

São inúmeros exemplos coisas desnecessárias que passam despercebidas e na hora da dificuldade que elas proporcionam é que pensamos: “não poderia ser mais fácil?”. Cada dia que passa, confirmo cada vez mais que nós procuramos o mais difícil. É uma atitude inconsciente, porém é estranhamente automática. É instinto, o que nos remota aos tempos das cavernas e nos caracteriza como animais. Ainda bem. O que pesa para o nosso lado é justamente na hora que uma atitude dessas nos atrapalha e logo pensamos em uma saída para desarmar a situação reversa. Fatos que nos fazem ser selvagens e civilizados racionais ao mesmo tempo.

sábado, 10 de julho de 2010

ÔNIBUS LOTADO

O cotidiano urbano é repleto de desafios elegantes e ordinários para o morador da cidade. O maior invento da humanidade, a roda, foi implantada oito vezes para o advento do ônibus. O homem e a mulher tiveram que cruzar no mínimo 45 vezes para formar mais 45 seres humanos - isso se não vierem gêmeos ou mais -, para formar uma lenda moderna e cada vez mais sofisticada: o ônibus lotado. Feliz mesmo fica o dono da empresa de ônibus, que, honesto sendo, vê a sua empresa e seu bolso crescendo.

A adrenalina de um passageiro começa a subir a partir do momento que lê na fachada do ônibus o nome tão esperado do lugar para onde está indo (ou não, já que existem nomes exóticos como “D43”, “TRIÂNGULO”, “C1”, fazendo com que as pessoas de fora da cidade não saibam da onde saíram e nem pra onde vão esses veículos). Apesar da decepção do recém chegado ao ver o veículo cheio de gente, a adrenalina só se faz cada vez mais ativa. Aí perguntas complicadíssimas podem passar pela cabeça do cidadão: Como vou chegar até a roleta? Como vou pegar a minha carteira? E agora, grito?

Essas perguntas são respondidas automaticamente com a ação da pessoa. Sabe-se lá como se chegou à roleta, e muito menos como conseguiu pegar a carteira, mas o fato é que você se encontra espremido entre outro passageiro e a roleta, o pé amigo do cobrador trancando a passagem e ainda te encara com uma fome radical por ver o seu dinheiro certinho saindo de sua carteira, afinal, o troco é tudo que o cobrador não quer contar. Passado o primeiro desafio, vem o monstro. Ao olhar para o lado, você repara nas 30 pessoas que estão, junto com você, além da roleta. E o cenário não é animador.

Ônibus lotado, é o correspondente urbano a um dia acampado em uma floresta tropical e chovendo. Enfrenta-se maus odores externos e principalmente externos. Pelo menos metade dos passageiros é homem, e no mínimo um terço está... bem, digamos... com um odor desagradável, criado por bactérias, por debaixo de seus respectivos braços. Sendo um veículo de transporte público, algumas mulheres também podem oferecer esta charmosa condição. O máximo que se pode fazer sobre isso é simplesmente nada.

As pessoas que estão de pé, obviamente sofrem mais. O espertinho passa a mão no “popô” daquela loira maravilhosa que está indo assistir sua aula na universidade, você recebe um caloroso pisão no seu pé. Justamente no sapato novo que comprou hoje! Revide! Seja forte, dá uma cotovelada no cara do lado, finja que vai se segurar na barra da frente e aproveite a freada para furar o olho do ponta esquerda do time de várzea da cidade que tirou o seu das semi-finais do campeonato do bairro. Aproveita e olha com devoção o decote da mulher que está sentada na janela. Não se preocupe, ela está ocupada ao observar as pessoas dentro dos carros e tentar decifrar pela leitura labial o que estão falando.

Um momento crítico de uma viagem em um ônibus lotado é quando as pessoas descem. Sempre há um infeliz que não está perto da porta de saída e que tenta sair do meio do ônibus. O pior de tudo é que o cidadão conseguiu sair, tendo como consequências muitas reclamações e alguns palavrões. Ainda assim, é capaz de sair menos pessoas do que entrar sabe-se lá como. Quem sofre mais são os que pegam ônibus numa linha em que existe mais paradas do que passageiros. Para piorar, há casos de pessoas que pegam esse tipo de linha e do inicio ao fim dela, a conseqüência desse fato macabro é o numero exagerado de freadas. Sim, elas são responsáveis por 70% dos hematomas dentre os 100% dos cidadãos que usam o ônibus diariamente.

Acredito que muitas pessoas sentem-se vencedoras, campeãs. Sair de um ônibus lotado, vivo, por mais que haja dores por todo o corpo e com a camisa rasgada e a gravata amassada, é uma sensação de alegria, prazer. Como se fosse um gol de fora da área, quando o jogo estava 1x1 aos 46 do segundo tempo na final da Libertadores da América. É saudável.

É dever do cidadão participativo, que vota, que tem seus direitos e deveres, pegar um ônibus lotado, nem que seja uma única vez. Qual é a graça de termos sempre veículos de tamanho porte, vazios ou quase? Ônibus lotado é uma arte, é um patrimônio histórico e cultural da humanidade e por mais que a maioria não queira, esta mesma maioria é que faz os ônibus lotarem.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

OBSERVADORES DISTANTES

Nenhum ser humano conseguiu explicar os anos-luz de distância entre a nossa inteligência e a possível inteligência dentro ou fora do Sistema Solar. Há os que acreditam que não exista, por contrapartida, há os que pensam que estes seres possam estar bem próximos. Poucos anos-luz, quem sabe. Curioso é saber que há relatos de diversas situações misteriosas envolvendo os indivíduos que chamamos carinhosamente de ETs e dos famosos OVNIs. Ainda assim, encontram-se explicações muitas vezes convincentes de pessoas esclarecidas em certos assuntos da ciência, explicando que estes fatos provocados por não-humanos são irreais e provocados por humanos.

Subconsciente? Seria uma alegoria de alguns cidadãos ou visões de embriagados?
Fez-se muitos cálculos ao longo da história. Sabemos a velocidade da luz, sabemos o diâmetro da Terra, sabemos a distância para a Lua e o Sol. Sabemos tanta coisa, mas não sabemos duas coisas fundamentais. Uma diz respeito a nós mesmos. A outra, a nossos vizinhos (talvez). Ora, se não soubemos nossa origem, por qual motivo queremos saber se nossos vizinhos têm açúcar para podermos completar nosso bolo? Talvez eles tenham a resposta. Ou seria melhor descobrir que não há resposta? Aonde termina nossa curiosidade?

É biologicamente e matematicamente complicado “fazer” vida. Exige um série de combinações químicas complexas, onde estas combinações devem se unir no momento e no lugar certo, o que reduz a probabilidade ao mínimo. Ou seja, somos o produto do improvável. Mesmo assim, a vida surgiu num cenário paradoxal se compararmos com o que conhecemos hoje. Pior do que o frio da Antártida ou o calor submerso dos vulcões submarinos era o cenário terráqueo primitivo. Resumidamente, era um caos climático, calorento e sem nenhuma perspectiva de melhora. Aquecimento global é pouco. Fato é que o Universo é grandinho, acho que cabe mais de uma Terra nele.

Os filósofos e religiosos que me desculpem, mas acredito que esta não seja uma questão para de debater com palavras sábias de Deus ou Buda, ou então com pensamentos que metade da população não entende. É uma questão dinâmica que enche os olhos dos cientistas, aguça a busca pelo Nobel! Embora este ponto de vista, há toda uma questão filosófica e religiosa, que acredito que possa nos servir como uma mão que nos empurra em busca da campainha na porta do desconhecido. Algo do tipo: “vai, meu filho! Se tu acreditas, vai!”.

Acredito que seja hipocrisia de nossa parte, não acreditar em vida e inteligência extraterrestre. Temos em nossas mãos apenas uma pequena fração de tudo que podemos aprender dentro do nosso planeta. O que dirá então, fora dele? Não necessariamente temos que sair explorando vida por todos os lados. Isso porque não somos o centro do Universo. Há a probabilidade de existir vida, quem sabe em outro lugar e que eles possam nos descobrir, antes de nós conseguirmos tal proeza. Não há tempo de subestimar nossa capacidade também, a final, somos poucos em relação ao número espantoso de “objetos” por aí no espaço. O Universo é uma verdadeira caixa de ferramentas, onde ninguém poderá usá-las, mas há como uni-las, para formar uma peça maior: mais vida.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

UM ELO DE LIGAÇÃO ENTRE ALGUNS PEQUENOS DETALHES

Elas são expressões que estão sempre passando despercebidas dos ouvidos e dos olhares de nós, brasileiros, que algumas já fazem parte do português correto, e nem reclamamos mais. Eu ainda reclamo, mas em vão. Porém, o uso exagerado destas expressões torna-se incomoda para um observador que realmente presta a devida atenção ao que os outros falam e escrevem. São figuras de linguagem que às vezes doem os olhos, ou faz tremular os ouvidos de tão exageradas que possam ser. Posso dizer que os Pleonasmos são exageros do óbvio, mas que sem bem feitos, ficam no máximo discretos nas orações largadas por aí, Brasil a fora.

O vereador da cidade compareceu pessoalmente na inauguração inicial do novo hospital de Porto Alegre. Admirável a atitude do cidadão, mas se ele exerce o cargo de vereador, tem-se por definição que ele atua em uma cidade, a de Porto Alegre, no caso. Ora, se ele é vereador, é melhor comparecer pessoalmente mesmo, para melhorar sua imagem perante as próximas eleições, já que se ele comparece com um sujeito terceirizado, sua candidatura cai para baixo, não é? Supõe-se que esta honorária pessoa gostaria de ser prefeito municipal. Ainda bem.

Algumas redundâncias são bem expostas. Tentou-se subir pra baixo ou descer pra cima, mas pelo visto, o que nos ensinaram em física na escola era verdadeiro. Mesmo assim, o anseio das pessoas humanas de desafiar as leis da ciência é enorme de grande: Inventaram a escada rolante. Sim, a única forma de um cidadão conseguir extrapolar na prática, os limites da língua (cidadão sem algo mais útil a fazer, convenhamos). Ora, se este artefato moderno, move-se para cima, por exemplo, mover-me-ei para baixo. Em uma convenção mais simples, descerei uma escada rolante que sobe. É inútil, assim como o vício pleonástico.

Onde está o elo de ligação entre o segundo e o terceiro parágrafo? Oh! Diga-me que não enlouqueci! Não, tenho certeza absoluta que os leitores desta discrepância literária irão entender o escritor. Entenda agora, que sublinhar o óbvio é no mínimo deselegante. Fere a língua. Todos sabem que goteiras são no teto e que toda prefeitura é municipal, porém, ninguém encara de frente o fato de continuar a falar sem pensar duas vezes para evitar tal processo oblíquo e ineficaz da língua.

Nesta vida cheia de contradições, parecia ser fácil de livrar-se da duplicidade. Acontece que se inventou uma língua, que ao mesmo tempo, é complexa e que nos dá oportunidades de criar aberrações magníficas. Por outro lado, posso me convencer que nós sabemos do que estamos tratando. Gostamos de enfatizar o óbvio para demonstrar conhecimento, e gritar alto para todos ouvirem com os ouvidos que sabemos que só podemos entrar para dentro e sair para fora.

Façamos o seguinte: vamos prestar mais atenção no que falamos e escrevemos. Chame a atenção da pessoa ao lado para possíveis deslizes dela ou então de algo que viu na rua. Observe as coisas óbvias que existe por aí e seja mais simples, não caia na tentação da duplicidade. Sim, construir pleonasmos é uma tentação imensa. Repeti-los então é extraordinário. Não! Que a união para o fim do pleonasmo seja uma unanimidade de todos!