quinta-feira, 29 de julho de 2010

A BALADA DO VELHO MARINHEIRO

Rimas longas e épicas, histórias de luta, bravura, grandes narrações e contos que marcaram a história da literatura mundial. Não só de fatos vive o homem. A partir do momento em que nós sonhamos, criamos uma inteligência criativa, que em certas horas nos auxilia na produção artística (por mais primitiva que possa ser) e que nos faz ter um certo arsenal de imaginação pura. Quando se é criança, nossa imaginação é vasta, acontece que não sabemos escrever isto, mas podemos falar e desenhar.

Primeiramente, o que me vem à cabeça, são duendes, elfos, fantasmas, bruxas, mágica, mas é imaginação secular. Uma forma clássica de expressar a famosa “viagem na maionese”. Escritores mais famosos decidiram relatar com algum charme fatos históricos. Luis de Camões acredito que, tenha sido o principal deles, ao menos para nós, falantes da língua portuguesa. Shakespeare também concretizou-se na história com seus longos poemas e encantou o mundo pós medieval com a dramaturgia. Épico, da mesma forma.

A nossa imaginação é abstrata. Ou alguém consegue me explicar o que acontece no subconsciente humano? Contradição: temos uma inteligência criativa concreta. Para exemplificar e simplificar: a roda. E da nossa vontade de contar histórias, e do orgulho que sentimos por nossos feitos, e das imagens de ficção de algo que gostaríamos de ser ou ter, é que criamos o que hoje nos cerca.

Já citei a literatura, a dramaturgia. Pablo Picasso foi genial e simplista, ao pintar Guernica. Simplista por ter resumido uma guerra em uma pintura. Épico. Leonardo da Vinci reconstruiu a criação do homem de forma detalhada, perfeccionista, mas para muitos um momento de pura inspiração, para os que acreditam em Deus. Na música, Beethoven, compôs cerca de 90 minutos de uma sinfonia que desde o século XVIII é referência para os compositores e interpretes.

Mesmo dormindo, somos aventureiros. Por mais que não possamos fazer muitas coisas, ninguém tira de ninguém a possibilidade de se imaginar sendo um Super-Homem, salvando a cidade dos perigosos vilões ultra-malvados. Nos imaginamos indo para o sul ou para o norte, até que não haja mais como continuar rumo, e ainda assim há muitas coisas extraordinárias para se acontecer no caminho de volta. Quem sabe sair voando? Se existe uma viagem sem volta, que seja aquela que nos leve direto ao mundo da imaginação e dos sonhos.

Nota: “A Balada do Velho Marinheiro”, (The Rime of the Ancient Mariner, no original) é um poema escrito pelo poeta inglês Samuel Taylor Coleridge entre 1797–1799, publicado na primeira edição do seu Lyrical Ballads (1798). É considerado um dos poemas mais importantes de Coleridge, que marca o início da Literatura romântica na Inglaterra.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

GUERRA

Qual é o instinto humano? Observe um pássaro adulto alimentando um filhote. Observe um alce fugindo de uma onça. Qual é o objetivo dos dois? Sobrevivência, talvez. Pois se voltarmos na linha da nossa história, na época que surgira o laço familiar, ainda caçávamos, ou talvez principiantes da coleta, mas o fato é que havia poucos de nós. Poucos e com o mesmo objetivo: perpetuar-se. Ao longo do tempo fomos nos contradizendo a partir da ganância. A Primeira Guerra Mundial foi a explosão, o ápice da vontade de dominar. Mas o motivo disso? Porque não deixar o povo vizinho ter seus costumes e seu modo de vida? Diálogo? É uma solução duvidosa.

A história não nos mente. Vimos exércitos grandes sendo aniquilados por forças menores. Vimos o poder ruir com a força da paisagem natural e da própria brutalidade da natureza.Vimos uma Segunda Guerra Mundial por motivos bizarros, talvez a mais idiota das guerras. Mesmo assim, suas conseqüências nos fez rasgar uma página da nossa história. Nós não queremos mais sobreviver, acredito. Nós queremos discutir, ver quem tem o maior brinquedo de destruição em massa. É burrice, convenhamos: convocar milhares ou milhões de pessoas, treiná-las, armá-las, e depois vomitá-las em um campo de combate. Se não é burrice, é um jogo, se estamos jogando com a nossa sobrevivência, e as peças somo nós mesmos, é burrice. É burrice.

Existem heróis. Alexandre, o grande é um herói macedônico, que prosperou o império daquela região, adquiriu respeito ao seu povo. Uma figura histórica que está em todos os livros, temos a sua imagem. Mas ele fez guerra. Napoleão Bonaparte. Foi recebido em Paris com louvor, mandou construir o Arco do Triunfo e levou a França ao esplendor. Foi comemorado, mas fez guerra. Comemoramos derrotas. Australianos e neozelandeses foram enviados à Turquia para lutarem na Segunda Guerra, lutaram, tentaram e morreram. Hoje são lembrados em um feriado nos dois países, como aqueles que lutaram bravamente pelo seu país e que merecem o respeito de todos. Sim, merecem, mas também fizeram guerra. No sul do Brasil em meados do século XIX, elitistas contrários ao governo central, rebelaram-se a favor de suas idéias, mas perderam. Foram derrotados, e por mais que tenha sido com bravura e que tenham criado uma identidade, perderam. Comemora-se também, tem-se um feriado regional, mas ainda toco na mesma tecla: fizeram guerra.

Parece que a nossa história e feita de apenas uma nota musical, de um acorde triste que soa como despedida, mas há de se lembrar que existiram pessoas que não queriam a guerra. Ghandi tentou a liberdade sem armas, foi reprimido. Mandela queria o fim do preconceito, não chamou nenhum exército, mas foi preso. Sorte que estes nomes também entraram para sempre na nossa história e que seus feitos são passados de geração em geração. Sorte nossa também, que ainda há chances de ter pessoas no mundo, sem a maluca idéia de persistir nos erros dos presentes e dos antepassados.

Fizemos estratégias, infantaria, artilharia, cavalaria. Temos tanques, mísseis e uma vasta tecnologia. No passado, as falanges romanas. Os vietnamitas e os russos contaram com a natureza, os japoneses tiveram os camicases, os ingleses criaram a marinha mais forte da era moderna, os brasileiros tem seus praças, os colombianos são guerrilheiros. Na África, os conflitos tribais devastam o continente. Na Europa, somam-se os mortos de diversos séculos de conflitos. Qual a solução para tudo isto? Diálogo. Não, não falamos a mesma língua.

Observe um pássaro adulto alimentando os filhotes. Quando a comida acaba, a gritaria é enorme. Piados famintos chamam por comida. Observe um alce fugindo de uma onça. A onça captura sua presa pois é mais rápida. Ela devora a carcaça antes que cheguem outros animais e acabem com o banquete dela. Onde está a sobrevivência humana?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

PAI DE FAMÍLIA

Domingo de manhã, abrir a janela, dia ensolarado, acordar a esposa, acordar as crianças. Leite, pão, achocolatado, frutas, manteiga, água, comer, lavar a louça. Bicicleta, bola de futebol, comida do cachorro. Roupas leves, filtro solar, água mineral e disposição. Porta, rua, atravessar, encontrar o parque cheio,procurar por um espaço, achar uma sombra de árvore. Cuia, bomba, erva mate, tradição. Ah! Dia perfeito!

Pano quadriculado, escorar na árvore, brincar com as crianças, deixar as crianças brincarem. Soltar o cachorro, crianças brincando com o cachorro, conversar com a esposa, trocar olhares. Observar as crianças, não as perder de vista! Cair da bicicleta, se levantar, errar o gol, acertar a trave e comemorar com o imaginário. Escutar os pássaros, sentir o vento, contar uma piada e se despreocupar com a vida! Sentir a natureza, refletir sobre o futuro, sobre o passado, rir das bobagens passadas, relembrar.

Tio do algodão doce, troco em moedas, algodão azul para o menino, rosa para a menina, descansar do futebol, descansar da bicicleta, deitar no colo da mãe, deitar no colo do pai e olhar para o céu. Contar uma história, como eu sou antigo! Crianças famintas, olhar para o sol, no centro do céu, meio dia, almoçar. Lancheria da esquina, suco natural, sanduíche reforçado, um chocolatinho para nós e voltar ao parque. Hora de descanso, ali mesmo, dar uma dormida, acordar para observar se o cachorro está bem amarrado e se as crianças estão dormindo, voltar ao sono. Levantar-se, brincar mais uma vez com as crianças, ir além e voltar.Ver a cara de preocupada da esposa, explicar tudo...xiiii.

Deixar as crianças se divertirem sozinhas, namorar um pouco, trocar alguns beijos e sentir a chuva caindo. Chamar as crianças, guardar os pertences, amarrar o cachorro na coleira. Sair correndo, chuva apertando, esqueci a chave! Voltar para o parque, pegar a chave, voltar para casa, entrar em casa e botar as crianças no banho. Estender a roupa molhada, banho quente. Ligar a televisão, não, só tem noticia ruim, ler um livro, estou morrendo de fome, fazer a janta, preparar a mesa, assistir ao telejornal noturno.

Colocar as crianças na cama, despertador: 7:30! Ir para o quarto, deitar na cama, chamar a esposa, acolhe-la, beijo de boa noite, suspirar aliviado por mais um dia, ir dormir. Acordar disposto na segunda-feira, colocar a gravata, acordar crianças, ir trabalhar. Mais uma semana, esperando o próximo domingo com a família. Este é o meu sonho!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A “MAGIA” DO FUTEBOL

O futebol tem um só objetivo: o gol. É simples, a bola tem que passar totalmente a linha de fundo entre as traves, para isso, os jogadores podem usar qualquer parte do corpo. Sim, qualquer mesmo, já que Maradona fez gol de mão e também, se o goleiro quiser empurrar a bola com a mão, nada o proíbe. Sendo assim, tão simples, os onze jogadores de cada time são desnecessários. Nem mesmo a rede é necessária. Ela não é obrigatória, “só” está lá a fim de ajudar na hora de visualizar o gol.

Dois jogadores de cada lado do campo são mais que suficientes. Um goleiro e um jogador de linha. Tratando-se de linha, não vejo utilidade naquele grande círculo no meio do campo, nem na meia-lua, muito menos a linha da pequena área, mas é um tema à parte, já que elas existem, tem um sentido. Sobre os quatro jogadores em campo, a idéia é simples: o jogador de linha carrega a bola, tenta passar pelo jogador adversário e se passar, chuta a gol. Se o goleiro defender, passa pro jogador de linha e assim vai indo. O problema desse jogo é a emoção, ou melhor, a falta dela. Deve ser por esse motivo que existem onze jogadores de cada lado.

Com os onze jogadores, o futebol é dinâmico, tático, emocionante, guerreiro, a torcida lota o estádio, há provocações, etc. Mas qual é a verdadeira magia do futebol? Nenhuma. Não existe magia no futebol. Magia é ficção, inventário, abstrato. Se querem achar magia em um esporte procurem nas páginas de Harry Potter ou então em novelas, seriados, desenhos animados, mas no futebol não encontrarão. O futebol é concreto, ele existe, os jogadores até saem sangrando!

Posso afirmar que a vibração da torcida, as faixas, os papéis picados, as bandeiras, os xingamentos e todo o clima tenso de uma grande decisão não compõem a magia do futebol. Como disse, ela não existe. A “mágica” do futebol, pode estar no simples fato do criador ter dificultado um objetivo tão simples. O futebol é uma paixão porque envolve a difícil tarefa de onze atletas carregarem a bola um para o outro e passar pela incrível barreira de mais onze atletas! O futebol é uma paixão, pois envolve tática, pranchetas, esquemas, matemática, física e outras ciências. O futebol é filosofia, história, geografia, administração, contabilidade, medicina, o futebol é tudo que o homem construiu e não tem nada de abstrato. A magia do futebol é enganadora, é o princípio do inútil. Futebol é coisa nossa e um patrimônio da humanidade!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

PARADOXOS E COMPLEXOS

Creio que o ser humano possua uma natureza de “auto-flagelo” sendo ele paradoxal e complicado, complexo. Certas coisas que poderiam ser simples e não são. Certas antíteses que muitas vezes desmentem uma teoria que poderia ser magnífica, ou então o famoso “tiro no pé”. Por sua própria natureza, acontecem fatos que não fazem sentido e que atrapalha o seu (nosso) cotidiano, ou às vezes o próprio desenvolvimento. Observa-se fatos simples e vê-se estes fatores que se pararmos para pensar um pouco, podemos ver que pode ser uma situação totalmente evitável e por conseqüência, benéfica.

Eventos onde há um número significante de pessoas são um bom exemplo. Para ilustrar, imagine-se em uma formatura de uma turma grande. Pais, familiares, amigos, fotógrafos, professores, funcionários e penetras a somar com os formandos. Um auditório respeitável e espaço, bastante espaço. Saídas, muitas portas de saída. Tudo tranqüilo e chato (alguém já foi em uma formatura legal?) até o momento que o mestre de cerimônia deseja boa noite aos presentes. Concordo que todos têm extrema vontade de sair logo e eficientemente de uma formatura, mas é aí que entra o paradoxo e o complexo.

Fico me perguntado qual o motivo de 60% da platéia ficar na frente das/da porta? Todos andando a passos de pingüim (inclusive movimentando-se como tal), uns reclamando, pois a fila não anda e esse mesmo espertinho é que fica na frente da porta, somando-se aos demais. Percebam que a atitude simples de se afastar da saída, torna-se complexa.

A burocracia poderia ser um exemplo perfeito também, mas não é. Está na boca do povo e todos crescem com a idéia de que a burocracia atrasa, que complica, que dificulta e que a melhor coisa que se tem pra fazer é xingar o gerente do banco, só porque devemos assinar inúmeros documentos e garantir a cópia autenticada de determinados outros documentos. Acontece que é uma formalização necessária e que passar de um setor ao outro, muitas vezes é benéfico para o comprador de serviços. Porém há o exagero, e o sistema burocrático também falha.

O mau burocrata é o profissional, ou anti-profissional que é obcecado por padrões, filas, assinaturas, documentos e registros, tudo certinho e sem ele saber, exagerado. É a “arte” de complicar as operações que não necessitam de nenhum passo complexo. Precisa pedir uma assinatura a mais? Qual a necessidade do cliente de ser transferido para mais dois setores?

São inúmeros exemplos coisas desnecessárias que passam despercebidas e na hora da dificuldade que elas proporcionam é que pensamos: “não poderia ser mais fácil?”. Cada dia que passa, confirmo cada vez mais que nós procuramos o mais difícil. É uma atitude inconsciente, porém é estranhamente automática. É instinto, o que nos remota aos tempos das cavernas e nos caracteriza como animais. Ainda bem. O que pesa para o nosso lado é justamente na hora que uma atitude dessas nos atrapalha e logo pensamos em uma saída para desarmar a situação reversa. Fatos que nos fazem ser selvagens e civilizados racionais ao mesmo tempo.

sábado, 10 de julho de 2010

ÔNIBUS LOTADO

O cotidiano urbano é repleto de desafios elegantes e ordinários para o morador da cidade. O maior invento da humanidade, a roda, foi implantada oito vezes para o advento do ônibus. O homem e a mulher tiveram que cruzar no mínimo 45 vezes para formar mais 45 seres humanos - isso se não vierem gêmeos ou mais -, para formar uma lenda moderna e cada vez mais sofisticada: o ônibus lotado. Feliz mesmo fica o dono da empresa de ônibus, que, honesto sendo, vê a sua empresa e seu bolso crescendo.

A adrenalina de um passageiro começa a subir a partir do momento que lê na fachada do ônibus o nome tão esperado do lugar para onde está indo (ou não, já que existem nomes exóticos como “D43”, “TRIÂNGULO”, “C1”, fazendo com que as pessoas de fora da cidade não saibam da onde saíram e nem pra onde vão esses veículos). Apesar da decepção do recém chegado ao ver o veículo cheio de gente, a adrenalina só se faz cada vez mais ativa. Aí perguntas complicadíssimas podem passar pela cabeça do cidadão: Como vou chegar até a roleta? Como vou pegar a minha carteira? E agora, grito?

Essas perguntas são respondidas automaticamente com a ação da pessoa. Sabe-se lá como se chegou à roleta, e muito menos como conseguiu pegar a carteira, mas o fato é que você se encontra espremido entre outro passageiro e a roleta, o pé amigo do cobrador trancando a passagem e ainda te encara com uma fome radical por ver o seu dinheiro certinho saindo de sua carteira, afinal, o troco é tudo que o cobrador não quer contar. Passado o primeiro desafio, vem o monstro. Ao olhar para o lado, você repara nas 30 pessoas que estão, junto com você, além da roleta. E o cenário não é animador.

Ônibus lotado, é o correspondente urbano a um dia acampado em uma floresta tropical e chovendo. Enfrenta-se maus odores externos e principalmente externos. Pelo menos metade dos passageiros é homem, e no mínimo um terço está... bem, digamos... com um odor desagradável, criado por bactérias, por debaixo de seus respectivos braços. Sendo um veículo de transporte público, algumas mulheres também podem oferecer esta charmosa condição. O máximo que se pode fazer sobre isso é simplesmente nada.

As pessoas que estão de pé, obviamente sofrem mais. O espertinho passa a mão no “popô” daquela loira maravilhosa que está indo assistir sua aula na universidade, você recebe um caloroso pisão no seu pé. Justamente no sapato novo que comprou hoje! Revide! Seja forte, dá uma cotovelada no cara do lado, finja que vai se segurar na barra da frente e aproveite a freada para furar o olho do ponta esquerda do time de várzea da cidade que tirou o seu das semi-finais do campeonato do bairro. Aproveita e olha com devoção o decote da mulher que está sentada na janela. Não se preocupe, ela está ocupada ao observar as pessoas dentro dos carros e tentar decifrar pela leitura labial o que estão falando.

Um momento crítico de uma viagem em um ônibus lotado é quando as pessoas descem. Sempre há um infeliz que não está perto da porta de saída e que tenta sair do meio do ônibus. O pior de tudo é que o cidadão conseguiu sair, tendo como consequências muitas reclamações e alguns palavrões. Ainda assim, é capaz de sair menos pessoas do que entrar sabe-se lá como. Quem sofre mais são os que pegam ônibus numa linha em que existe mais paradas do que passageiros. Para piorar, há casos de pessoas que pegam esse tipo de linha e do inicio ao fim dela, a conseqüência desse fato macabro é o numero exagerado de freadas. Sim, elas são responsáveis por 70% dos hematomas dentre os 100% dos cidadãos que usam o ônibus diariamente.

Acredito que muitas pessoas sentem-se vencedoras, campeãs. Sair de um ônibus lotado, vivo, por mais que haja dores por todo o corpo e com a camisa rasgada e a gravata amassada, é uma sensação de alegria, prazer. Como se fosse um gol de fora da área, quando o jogo estava 1x1 aos 46 do segundo tempo na final da Libertadores da América. É saudável.

É dever do cidadão participativo, que vota, que tem seus direitos e deveres, pegar um ônibus lotado, nem que seja uma única vez. Qual é a graça de termos sempre veículos de tamanho porte, vazios ou quase? Ônibus lotado é uma arte, é um patrimônio histórico e cultural da humanidade e por mais que a maioria não queira, esta mesma maioria é que faz os ônibus lotarem.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

OBSERVADORES DISTANTES

Nenhum ser humano conseguiu explicar os anos-luz de distância entre a nossa inteligência e a possível inteligência dentro ou fora do Sistema Solar. Há os que acreditam que não exista, por contrapartida, há os que pensam que estes seres possam estar bem próximos. Poucos anos-luz, quem sabe. Curioso é saber que há relatos de diversas situações misteriosas envolvendo os indivíduos que chamamos carinhosamente de ETs e dos famosos OVNIs. Ainda assim, encontram-se explicações muitas vezes convincentes de pessoas esclarecidas em certos assuntos da ciência, explicando que estes fatos provocados por não-humanos são irreais e provocados por humanos.

Subconsciente? Seria uma alegoria de alguns cidadãos ou visões de embriagados?
Fez-se muitos cálculos ao longo da história. Sabemos a velocidade da luz, sabemos o diâmetro da Terra, sabemos a distância para a Lua e o Sol. Sabemos tanta coisa, mas não sabemos duas coisas fundamentais. Uma diz respeito a nós mesmos. A outra, a nossos vizinhos (talvez). Ora, se não soubemos nossa origem, por qual motivo queremos saber se nossos vizinhos têm açúcar para podermos completar nosso bolo? Talvez eles tenham a resposta. Ou seria melhor descobrir que não há resposta? Aonde termina nossa curiosidade?

É biologicamente e matematicamente complicado “fazer” vida. Exige um série de combinações químicas complexas, onde estas combinações devem se unir no momento e no lugar certo, o que reduz a probabilidade ao mínimo. Ou seja, somos o produto do improvável. Mesmo assim, a vida surgiu num cenário paradoxal se compararmos com o que conhecemos hoje. Pior do que o frio da Antártida ou o calor submerso dos vulcões submarinos era o cenário terráqueo primitivo. Resumidamente, era um caos climático, calorento e sem nenhuma perspectiva de melhora. Aquecimento global é pouco. Fato é que o Universo é grandinho, acho que cabe mais de uma Terra nele.

Os filósofos e religiosos que me desculpem, mas acredito que esta não seja uma questão para de debater com palavras sábias de Deus ou Buda, ou então com pensamentos que metade da população não entende. É uma questão dinâmica que enche os olhos dos cientistas, aguça a busca pelo Nobel! Embora este ponto de vista, há toda uma questão filosófica e religiosa, que acredito que possa nos servir como uma mão que nos empurra em busca da campainha na porta do desconhecido. Algo do tipo: “vai, meu filho! Se tu acreditas, vai!”.

Acredito que seja hipocrisia de nossa parte, não acreditar em vida e inteligência extraterrestre. Temos em nossas mãos apenas uma pequena fração de tudo que podemos aprender dentro do nosso planeta. O que dirá então, fora dele? Não necessariamente temos que sair explorando vida por todos os lados. Isso porque não somos o centro do Universo. Há a probabilidade de existir vida, quem sabe em outro lugar e que eles possam nos descobrir, antes de nós conseguirmos tal proeza. Não há tempo de subestimar nossa capacidade também, a final, somos poucos em relação ao número espantoso de “objetos” por aí no espaço. O Universo é uma verdadeira caixa de ferramentas, onde ninguém poderá usá-las, mas há como uni-las, para formar uma peça maior: mais vida.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

UM ELO DE LIGAÇÃO ENTRE ALGUNS PEQUENOS DETALHES

Elas são expressões que estão sempre passando despercebidas dos ouvidos e dos olhares de nós, brasileiros, que algumas já fazem parte do português correto, e nem reclamamos mais. Eu ainda reclamo, mas em vão. Porém, o uso exagerado destas expressões torna-se incomoda para um observador que realmente presta a devida atenção ao que os outros falam e escrevem. São figuras de linguagem que às vezes doem os olhos, ou faz tremular os ouvidos de tão exageradas que possam ser. Posso dizer que os Pleonasmos são exageros do óbvio, mas que sem bem feitos, ficam no máximo discretos nas orações largadas por aí, Brasil a fora.

O vereador da cidade compareceu pessoalmente na inauguração inicial do novo hospital de Porto Alegre. Admirável a atitude do cidadão, mas se ele exerce o cargo de vereador, tem-se por definição que ele atua em uma cidade, a de Porto Alegre, no caso. Ora, se ele é vereador, é melhor comparecer pessoalmente mesmo, para melhorar sua imagem perante as próximas eleições, já que se ele comparece com um sujeito terceirizado, sua candidatura cai para baixo, não é? Supõe-se que esta honorária pessoa gostaria de ser prefeito municipal. Ainda bem.

Algumas redundâncias são bem expostas. Tentou-se subir pra baixo ou descer pra cima, mas pelo visto, o que nos ensinaram em física na escola era verdadeiro. Mesmo assim, o anseio das pessoas humanas de desafiar as leis da ciência é enorme de grande: Inventaram a escada rolante. Sim, a única forma de um cidadão conseguir extrapolar na prática, os limites da língua (cidadão sem algo mais útil a fazer, convenhamos). Ora, se este artefato moderno, move-se para cima, por exemplo, mover-me-ei para baixo. Em uma convenção mais simples, descerei uma escada rolante que sobe. É inútil, assim como o vício pleonástico.

Onde está o elo de ligação entre o segundo e o terceiro parágrafo? Oh! Diga-me que não enlouqueci! Não, tenho certeza absoluta que os leitores desta discrepância literária irão entender o escritor. Entenda agora, que sublinhar o óbvio é no mínimo deselegante. Fere a língua. Todos sabem que goteiras são no teto e que toda prefeitura é municipal, porém, ninguém encara de frente o fato de continuar a falar sem pensar duas vezes para evitar tal processo oblíquo e ineficaz da língua.

Nesta vida cheia de contradições, parecia ser fácil de livrar-se da duplicidade. Acontece que se inventou uma língua, que ao mesmo tempo, é complexa e que nos dá oportunidades de criar aberrações magníficas. Por outro lado, posso me convencer que nós sabemos do que estamos tratando. Gostamos de enfatizar o óbvio para demonstrar conhecimento, e gritar alto para todos ouvirem com os ouvidos que sabemos que só podemos entrar para dentro e sair para fora.

Façamos o seguinte: vamos prestar mais atenção no que falamos e escrevemos. Chame a atenção da pessoa ao lado para possíveis deslizes dela ou então de algo que viu na rua. Observe as coisas óbvias que existe por aí e seja mais simples, não caia na tentação da duplicidade. Sim, construir pleonasmos é uma tentação imensa. Repeti-los então é extraordinário. Não! Que a união para o fim do pleonasmo seja uma unanimidade de todos!