segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A FORMATURA

Fim de segundo semestre acadêmico. Longe do stress das provas, mas perto da toga escaldante. Formando depois que apresenta o Trabalho de Conclusão de Curso sofre. Trinta graus passados e a gravata ainda sem nó paira mórbida em cima da cama e é surrada por mãos masculinas até que a salvação delicada da mão feminina que vem a calhar. Um terno listrado e uma meia marrom cheirando à talco expressam o inicio do sofrimento naquele fim de tarde de verão. Só está começando. Sofrimento só pelos fatos seguintes, mas para os convidados da cerimônia de colação de grau acadêmico, orgulho. O auditório da reitoria da Universidade Federal vazio, a não ser pelos armadores de palco da empresa de eventos contratada.

Lá fora, homens e mulheres disfarçam em vão o calor que vêem sentindo desde as 5 da tarde com seus respectivos trajes de gala. São 7 e meia e nada de ar condicionado. Ao entrar no auditório, um suspiro de alívio pela queda brusca de temperatura que faz os presentes relaxar os ombros. Aos poucos os VIPs são separados dos meros mortais em sua área reservadíssima marcada por uma monumental...cordinha de lã. Sem contar a plaquinha feita de papel A4 recortada escrito VIP em letras garrafais, Arial Black, tamanho 72.

Então, o inútil mestre de cerimônias dá início aos trabalhos, e o hino nacional é aplaudido ao final do último si bemol. Aluno por aluno, I feel good por Aleluia, o tempo vai passando e a hora mais temida aproxima-se: os discursos. Os formandos ás vezes discursam coisas diferentes e com algum sentido para o público. Geralmente, o que ficamos sabendo, é que a turma era unida e que cada um sentirá falta do outro, que o professor de sistemas financeiros era o mais carrasco e que a tia da limpeza era companheira de todas as horas. Então, o que falar do discurso do Reitor? Não sei, nunca presto atenção. Alguém sabe? Um discurso desnecessário é o do professor paraninfo. Pra quê? Se o conteúdo do texto é sempre dirigido aos alunos, não há motivos para tal pronunciamento público. Correto?

Chapéus ao alto é sinônimo de alívio, muitas vezes. Significa que tudo está acabando e que finalmente a festa está prestes a começar. Porém, o último desafio é à saída do auditório. Uma porta aberta entre as 5, mas tudo bem. Aglomeração é arte. Depois de abraços e beijos, presentes e mimos, formandos e convidados unem-se na pista de dança, e a noite vai além e além. Tudo isso pra não ter o diploma em mãos. Claro, abra-se o canudo e um bilhete que diz “buscar seu diploma na semana que vem na Reitoria. Parabéns”. Parabéns, você sobreviveu à uma cerimônia de formatura!

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